Dia Mundial da Alimentação – Não deixe ninguém para trás
Embora tenhamos progredido na construção de um mundo melhor, muitas pessoas foram deixadas para trás. Pessoas que não podem se beneficiar do desenvolvimento humano, inovação ou crescimento econômico.
De fato, milhões de pessoas em todo o mundo não podem pagar uma dieta saudável, o que as coloca em alto risco de insegurança alimentar e desnutrição. Mas acabar com a fome não é apenas uma questão de oferta. Hoje, alimentos suficientes são produzidos para alimentar todos no planeta.
O problema é o acesso e a disponibilidade de alimentos nutritivos, que são cada vez mais impedidos por vários desafios, incluindo a pandemia de COVID-19, conflitos, mudanças climáticas, desigualdade, aumento de preços e tensões internacionais
Em todo o mundo, mais de 80% dos extremamente pobres vivem em áreas rurais e muitos dependem da agricultura e dos recursos naturais para sobreviver. Eles geralmente são os mais atingidos por desastres naturais e causados pelo homem e muitas vezes marginalizados devido ao seu gênero, origem étnica ou status. É uma luta para eles terem acesso a treinamento, finanças, inovação e tecnologias.
Melhor produção, melhor nutrição, um ambiente melhor e uma vida melhor.
Nosso mundo globalizado é aquele em que nossas economias, culturas e popula- ções estão se tornando cada vez mais interconectadas. Alguns de nós são vulnerá- veis por causa de quem somos ou de onde vivemos, mas a realidade é que todos somos frágeis. Quando alguém é deixado para trás, uma corrente é quebrada. Isso impacta não só a vida dessa pessoa, mas também a nossa.
A fome e a insegurança alimentar avançam em todo o Brasil. Dados divulgados pelo 2o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Co- vid-19 no Brasil, mostram que 33,1 milhões de pessoas passam fome no país – os números trazem a realidade de retrocesso, já que que estamos no mesmo patamar vivenciado há 30 anos.
O levantamento mostra que, em menos de um ano, 14 milhões de pessoas entraram em situação de vulnerabilidade alimentar, o que significa que 6 a cada 10 brasileiros convivem com algum grau de segurança alimentar. A pandemia de Covid-19 tornou esta realidade ainda mais perversa, já que acentuou a desigualdade social em nosso país.
A fome afeta e diz respeito a todas as pessoas
Em número absolutos, são 125,2 milhões de brasileiros que passaram por algum grau de insegurança alimentar – revelando um aumento de 7,2% desde 2020 e de 60% em comparação com 2018.
Ao olhar para a fome, é importante lembrar que cada número absoluto representa a vida de uma pessoa. E que mudanças em percentuais de insegurança alimentar — ainda que pareçam pequenas — significam milhões de pessoas convivendo cotidianamente com a falta de ter o que comer.
Insegurança alimentar é a condição de não ter acesso pleno e permanente a ali- mentos. A fome representa sua forma mais grave.
O CRN-9 repudia o uso de agrotóxicos
O CRN-9 manifesta sua preocupação com a falta de políticas que visem fomentar o uso de técnicas de produção orgânicas e de bases agroecológicas na agricultura brasileira.
E isso acontece, ao mesmo tempo em que repudia as medidas adotadas pelo Go- verno federal no sentido de estimular ainda mais o uso de agrotóxicos no Brasil, sem um diálogo aberto e franco com a população e sem considerar, sobretudo, os riscos para a saúde e a biodiversidade.
Circuitos de produção
Os circuitos curtos de produção são defendidos pelo CRN-9 como relações de pro- ximidade que buscam restringir ou reduzir a presença de elos ao mínimo possível, preferencialmente colocando em contato direto os ofertantes e os demandantes de produtos alimentares.
O avanço dos mercados globalizados fragilizou inúmeras produções alimentares lo- cais, distanciou produtores de consumidores, ampliando as cadeias de distribuição; gerou inseguranças alimentares; desvalorizou toda uma diversidade de alimentos presente em dietas de culturas milenares, devido à dificuldade de produção e distri- buição especializada e em larga escala destes alimentos.
A igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres rurais são fundamentais
Mulheres e homens rurais, juntos, são a chave para erradicar a fome e a pobreza extrema. Mulheres e meninas rurais, em particular, são reconhecidas como agen- tes cruciais de mudança. Nos países de baixa renda, as mulheres representam 48% do emprego agrícola. Quanto aos agricultores, trabalhadores agrícolas, horticulto- res, distribuidores, mulheres empresárias, empresárias e lideranças comunitárias, eles desempenham um papel importante nas cadeias de valor agroalimentar, bem como na gestão de recursos naturais como terra e água.
Como consumidoras, as mulheres são afetadas pela insegurança alimentar em maior proporção do que os homens em todas as regiões do mundo. E, como pro- dutoras, as mulheres rurais enfrentam restrições ainda maiores do que seus pares masculinos no acesso a recursos e serviços produtivos essenciais, tecnologia, infor- mações de mercado e ativos financeiros.
Quando as mulheres rurais têm acesso a recursos, serviços e oportunidades, elas se tornam um fator decisivo no combate à fome, desnutrição e pobreza rural.
Diante de crises globais, soluções globais são necessárias mais do que nunca. Ao almejar uma melhor produção, melhor nutrição, um ambiente melhor e uma vida melhor, podemos transformar os sistemas agroalimentares e avançar através da implementação de soluções sustentáveis e holísticas que considerem o desenvolvimento a longo prazo, crescimento econômico inclusivo e maior resiliência.
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